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sábado, 5 de março de 2022

CO-PROPRIETÁRIA DO NEWCASTLE DEFENDE ABRAMOVICH

 

Amanda Staveley, empresária britânica com fortes ligações ao Médio Oriente, que desempenhou papel determinante na aquisição do Newcastle por parte do consórcio formado por três empresas - Fundo de Investimento Público (PIF) do reino da Arábia Saudita, PCP Capital Partners (que pertence a Staveley) e a RB Sports & Media (empresa do grupo Reuben Brothers) - tornando-se co-proprietária do clube do nordeste de Inglaterra, em declarações na Financial Times Business of Football Summit, saiu em defesa do oligarca russo Roman Abramovich.

Segundo a empresária, o dono do Chelsea (que já recebeu várias propostas para aquisição do clube a rondar os dois mil milhões de euros), que colocou o emblema londrino à venda depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, o que gerou sanções por parte de todo o mundo ocidental, «foi tratado de forma injusta.»

Amanda Staveley foi mais longe e, diante da plateia, desvalorizou as questões que originaram a decisão de Roman Abramovich. «Vamos ter sempre questões geopolíticas. Este mundo nunca deixará de ter problemas, sei que é muito difícil e estou muito triste pelo facto de alguém [Roman Abramovich] ver ser-lhe retirado um clube de futebol [Chelsea] por causa de um relacionamento que possa ter com alguém [Vladimir Putin]. Não acho particularmente justo, para ser honesta», lamentou a inglesa de 48 anos, casada com Mehrdad Ghodoussi, agente financeiro britânico-iraniano.

A empresária, ciente das muitas críticas apontadas pelo negócio de aquisição do Newcastle com dinheiro do governo saudita, associado a um largo historial de desrespeito pelos direitos humanos, como ausência de liberdade religiosa e política e falta de direitos das mulheres (não há, por exemplo, uma idade mínima legal para o casamento), defendeu igualmente o país liderado pelo príncipe Mohammad bin Salman: «Também acho que temos de responsabilizar todos os nossos relacionamentos. E acho que também temos de nos lembrar como a Arábia Saudita é um país incrivelmente grande e importante e que eu amo. Eu amo os sauditas. São uma população jovem e vibrante e vi a Arábia Saudita mudar muito. Esses são os meus pensamentos, porque, realmente, conheci muitas pessoas e estou entusiasmada por...preferia que todos estivéssemos entusiasmados com o futebol em vez de estarmos envolvidos numa guerra.»

Após os comentários da milionária inglesa, a Amnistia Internacional, através do porta-voz Felix Jakens, reiterou: «[Os comentários de Amanda Staveley] não nos causam qualquer surpresa. Como temos vindo a dizer, nesta era em que existe uma agenda global de lavagem desportiva e do horror que está a acontecer na Ucrânia, a Premier League tem a responsabilidade moral, clara e imediata, de mudar as regras de propriedade, fortalecer os testes a proprietários e diretores e pôr fim ao facto de o futebol inglês de alto nível estar a ser usado como veículo de relações públicas para os cúmplices de graves violações dos direitos humanos.»

Na lista de atrocidades enunciadas pela Amnistia Internacional contra o governo da Arábia Saudita constam o assassinato, tortura e desmembramento do jornalista saudita Jamal Khashoggi ou a prisão do escritor Raif Badawi (condenado a sete anos) sob a acusação de ter «insultado o Islão» e condenação a mil chicotadas - das quais, na primeira sessão, a 9 de janeiro de 2015, foram infligidas 50, com a sessão seguinte de golpes de chicote sucessivamente adiada devido às condições de saúde do contestatário do regime saudita.

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