O novo avançado do Newcastle, Yoane Wissa, é hoje um nome associado a transferências milionárias, golos na Premier League e uma grande esperança para os duelos da Liga dos Campeões. Contudo, por trás deste sucesso, esconde-se uma história que transcende o futebol. A história de um homem que sobreviveu a um horror que ainda hoje o faz tremer.
Wissa, de 29 anos, nascido em França e internacional pelo Congo, chegou ao Newcastle vindo do Brentford por uns impressionantes 57,7 milhões de euros. Já na próxima quinta-feira, aguarda-o o maior jogo da sua carreira – o duelo com o Barcelona na Liga dos Campeões. No entanto, há apenas quatro anos, encontrava-se num lugar completamente diferente – numa cama de hospital, queimado com ácido, temendo pela sua vida e pela da sua família.
Ataque na casa da família
Era verão de 2021, Wissa vestia então a camisola do Lorient e abria caminho para o topo do futebol francês, depois de, apenas dois anos antes, ter jogado pelo modesto Chambly perante pouco mais de 3.000 espetadores. Naquele dia, uma mulher bateu à porta da sua casa a pedir um autógrafo. Quando abriu, o inferno instalou-se.
Abri a porta e algo foi derramado no meu rosto. Gritei e não conseguia respirar. A minha esposa ligou para os serviços de emergência e disseram-me para tomar um duche e lavar os olhos. No hospital, disseram-me que os meus olhos estavam queimados. Alguém tinha de vir lavá-los a cada hora. Foi um pesadelo.
A mulher que o atacou tentou raptar-lhe o filho. Acabou por ser condenada a 18 anos de prisão, mas o trauma permaneceu.
«Entro em pânico a cada ruído»
Wissa foi submetido a cirurgias em ambos os olhos e os médicos disseram-lhe que teria de usar colírio para o resto da vida.
Desde então, entro em pânico sempre que ouço um barulho. A única coisa que me acalma é saber que os meus filhos estão seguros. Ambos os meus olhos foram operados e o médico disse-me que terei de usar colírio para o resto da vida. Demorou seis meses até que a minha visão voltasse. Se não tivesse recebido ajuda imediatamente, as consequências teriam sido muito mais graves.
«Já não durmo sozinho»
Estas não foram as únicas consequências do ataque.
Desde então, tornei-me mais reservado. Já não consigo suportar estar rodeado de pessoas que não conheço. Já não demonstro tanto afeto como antes. Quando ando, instintivamente olho para trás. À noite, já não consigo dormir se estiver deitado sozinho. Os meus filhos perguntam-me muitas vezes o que aconteceu ao meu rosto, mas ainda são demasiado pequenos para lhes contar. Foi-me oferecida uma cirurgia plástica, mas tudo isto faz parte da minha história pessoal. A minha esposa e eu tivemos de ir a psicólogos, e ela sofreu de depressão. Nunca se sabe o que o destino nos reserva.
Do Brentford aos 'magpies'
A sua transferência para o Brentford foi adiada devido ao ataque, mas quando finalmente jogou – tornou-se um dos avançados mais perigosos da Premier League. Em 149 jogos, marcou 49 golos e fez 13 assistências.

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