Foi já ao final da noite que Paulo Fonseca aterrou em Portugal, após périplo para deixar a Ucrânia em plena invasão da Rússia. Depois de 30 horas de viagem e passagens por Moldávia e Roménia, o treinador português não escondeu o alívio à chegada ao aeroporto Humberto Delgado.
«É um misto de emoções, por um lado consegui trazer a minha família, mas por outro lado deixaram lá praticamente tudo. É difícil sentir uma grande felicidade neste momento. Eu tenho uma grande ligação à Ucrânia, estava lá a viver. Obviamente que foi um alívio muito grande, mas custou-me muito deixar aquele povo para trás», desabafou, falando ainda da viagem: «Foi uma viagem difícil, não tanto pelo que fomos vendo, as colunas militares, as sirenes, os aviões a passar. A viagem foi muito longa, sem parar, mas sempre com aquele sentimento de perigo, isso acho que foi o pior. O trânsito era enorme. Parámos nas estações de serviço já não havia gasolina, nem comida. Foi difícil por isso, mas sobretudo por aquela sensação constante de perigo».
Com uma forte ligação à Ucrânia, Paulo Fonseca, que fez questão de agradecer ao dono do Shakhtar Donetsk, à embaixada de Portugal e ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol, deixou também uma palavra ao povo ucraniano.
«Não tenho palavras para descrever o que se passa na Ucrânia, aquele povo que tanto está a sofrer, mas que tanto está a lutar para defender a sua pátria. O presidente é o primeiro, e ainda hoje [segunda-feira] vi uma lista enorme de pessoas que queriam entrar para ajudar o exército. Vemos inúmeras figuras públicas que se alistaram. O que se está a passar é único. Vai ser difícil, mas acho que eles já ganharam a guerra», atirou.
Por último, Paulo Fonseca deixou um desabafo sobre a carreira. Recorde-se que o treinador português está sem trabalho desde que deixou a Roma no verão.
«Até me esqueci do futebol agora. Vou querer regressar, penso que não nesta época, mas no início da próxima. Mas, honestamente, se há coisa que não tenho pensado é no futebol», concluiu.
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