A história da (ainda) curta carreira de Moustapha Cissé podia perfeitamente dar um filme e serve para mostrar que o futebol pode muito bem ser um palco para a realização de sonhos, independentemente de onde e quando se começa. Há poucos meses, o jovem nascido há 18 anos na Guiné-Conacri atuava no Rinascita Refugees, uma equipa composta por refugiados que disputa a Seconda Categoria (o oitavo escalão do futebol italiano). Agora representa a Atalanta e no último fim de semana conseguiu estrear-se na Serie A e logo com um golo decisivo na vitória sobre o Bolonha.
Uma ascensão inesperada, mas que não o faz esquecer as origens, como bem mostrou este sábado, durante uma entrevista ao canal oficial de YouTube da equipa de Bérgamo. "Dediquei o golo à minha mãe. Ela pediu-me para fazer este gesto para ela. Lembro-me de ver a Atalanta na televisão em Lecce. A temporada de 2020 foi incrível, foi aí que comecei a conhecer a equipa. Depois eles foram jogar a Lecce e fui ver o jogo", recordou o avançado, de 18 anos, que ao serviço do Rinascita Refugees marcou 18 golos em... 8 jogos.
E foram essas atuações que o colocaram no radar da equipa que está nos 'quartos' da Liga Europa. "Quando me disseram que um diretor da Atalanta tinha ido ver-me, pensei que estavam a brincar. Eu e os meus amigos jogávamos no verão só por diversão... Fui então convidado para fazer um teste em Bérgamo e agora estou na Atalanta. Não tenho palavras para descrever".
E se aí ficou sem palavras, o que terá sucedido no último domingo, quando Gian Piero Gasperini o convocou e, depois, o lançou em jogo. "Pensei que podia jogar uns dois ou cinco minutos na minha estreia, mas o treinador disse-me para aquecer logo ao fim de 10 minutos na segunda parte. Parecia impossível. Coloquei todas essas emoções de lado para tentar aproveitar ao máximo esta oportunidade e dei tudo de mim. Acabei por marcar na minha estreia, mas sei que isto ainda é o começo e tenho de continuar a trabalhar muito", acrescentou.
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