Diretor-geral do Anderlecht entre 2003 e 2018, Herman Van Holsbeeck foi detido ontem pela polícia belga no mais recente desenvolvimento das investigações que têm como alvo o futebol. Já envolvido no chamado ‘Footbelgate’, o antigo dirigente do mais titulado clube da Bélgica – sob a sua direção foi campeão oito vezes, a última em 2016/17 (desde então não voltou a ganhar...) – é suspeito de corrupção, fraude fiscal, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na base da detenção está o seu envolvimento com o empresário Christophe Henrotay em várias transferências realizadas pelo Anderlecht ao longo dos últimos anos, incluindo o agora portista Mbemba, Mitrovic (ambos para o Newcastle) e Tielemans (para o Monaco). De acordo com a imprensa belga, em causa estariam avultadas comissões que terá recebido para a realização dos negócios, defraudando o próprio clube.
Esta detenção surge depois de Van Holsbeek ter sido também um dos 57 acusados na semana passada pela justiça belga na sequência da operação ‘Mãos Limpas’ [ver abaixo mais informação], que decorre desde 2017 e com ramificações nos principais clubes do país: do Anderlecht ao Standard Liége, passando por Club Brugge, Charleroi, Genk, Gent, Lokeren ou Malines. Em causa estão fraudes nas transferências de jogadores, mas também corrupção, branqueamento de dinheiro ou até viciação de resultados.
Nomes de peso entre os 57 acusados
O caso ‘Footbelgate’ levou a que a justiça belga já tenha acusado formalmente 57 pessoas. E além de Van Holsbeeck há muitos nomes sonantes do futebol belga: o presidente (Bart Verhaege) e diretor-geral (Vincent Mannaert) do Club Brugge, o diretor-geral do Gent (Michel Louwagie), o presidente do Standard (Bruno Venanzi), o administrador do Charleroi (Mehdi Bayat), o CEO do Anderlecht (Johan Van Biesbroeck), sem esquecer ex-dirigentes como François De Keersmaeker (ex-líder da Federação), Steven Maertens, Patrick Janssens. E ainda treinadores como Peter Maes, Ivan Leko, Glen De Boeck e Yannick Ferrera, os ex-árbitros Sébastien Delferière e Bart Vertenten, e vários empresários.
‘Arrependido’ foi decisivo
A investigação iniciou-se em 2017 e tomou um rumo decisivo em outubro de 2018, com dezenas de buscas a clubes e pessoas – dentro e fora da Bélgica – devido a suspeitas de branqueamento de capitais, corrupção e viciação de resultados. O ex-futebolista e empresário sérvio Dejan Veljkovic era um dos principais suspeitos e foi, então, um dos detidos. Acabaria por colaborar na investigação, tornando-se no primeiro caso de ‘arrependido’ na história da justiça belga. E graças a esse estatuto especial não foi agora acusado. Com base nas informações que passou às autoridades, depois confirmadas com a recurso a escutas e outros meios de prova, o processo avançou nos últimos três anos. O julgamento deverá começar dentro de alguns meses .
Sem comentários:
Enviar um comentário