O desabafo é constante. Várias vezes repetido. «Sempre desejei viver do futebol, mas infelizmente não dá», lamenta. O mais perto que esteve do profissionalismo, além de uma passagem por Macau, está na alcunha que o acompanha há vários anos. Bruninho é, no mundo do futebol, o Bas Dost. Sem rodeios, assume ser o clone do craque neerlandês que fez furor no Sporting de 2016 a 2019. A fisionomia, qualidade no jogo aéreo, a forma como se movimenta e festeja os golos não deixam dúvidas. As semelhanças são evidentes.
«Quando vou ao barbeiro dizem logo que o Bas Dost já chegou. Sabem que é para rapar a careca como ele [risos]. Sou igual a ele menos na conta bancária!», atira.
Bruninho tem sorriso fácil. O tom da boa disposição apenas se altera quando recua ao início da sua história. Em Arrentela, no bairro onde nasceu, onde fez quase toda a carreira.
«Foi no Arrentela que comecei e fiz formação. Tive duas oportunidades para dar o salto para o Benfica. Uma com oito anos, mas os meus pais não me deixaram ir, outra mais tarde, com 16, mas aí foi culpa minha. Passei a noite a jogar PlayStation com amigos e fizemos uma direta. Depois fui treino, mas obviamente não correu bem. Na altura fui com o Harramiz, que era meu amigo, e ele acabou por ficar. Hoje teria feito tudo diferente», conta.
Goleador da margem Sul
Não fez, mas o sonho da bola não morreu. Bruninho, que esta época assinou pelo histórico Atlético, já foi batizado como o Bas Dost da Tapadinha. Antes já tinha percorrido quase todos os emblemas das divisões da AF Setúbal: Arrentela, Paio Pires, Amora, Monte da Caparica, Charneca da Caparica, Barreirense e Fabril. Sempre a jogar e a marcar. Muitos golos: «Todos me dizem que agora fui para a outra margem fazer estragos [risos]. Nos últimos quatro anos estive em quatro clubes e em todos fui campeão e melhor marcador. Ir para um escalão superior? Houve oportunidades no Campeonato Portugal, mas estou efetivo no meu trabalho… e depois quem pagava as minhas contas? Ganhar 400, 500 euros no máximo e depois correr mal? Prefiro ficar no distrital e fazer o que gosto. Com salário e um extrazinho da bola.»
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