Aos 21 anos, Balotelli é uma espécie de estrela de Rock nos relvados de futebol. Preenche manchetes com relatos de actos de rebeldia e parvoíce. No fundo, para quem o conhece, procura apenas «atenção».
José Coelho trocou o F.C. Porto pelo Inter de Milão em 2006. Em Itália, foi companheiro de quarto do «Mario maluco», como é conhecido por lá. Em entrevista ao nosso jornal, o jogador português descreve a figura.
Nascido em Palermo, filho de pais ganeses sem posses, Mario Barwuah Balotelli acabou por ser adoptado por uma família italiana. «Ele tem uma história de vida difícil. Aliás, se não fosse o carinho da família adoptiva e do Inter, o Balotelli podia ter-se perdido, no desporto e na vida.»
«No fundo, o Mario é uma rock star. Ele precisa e procura atenção. As pessoas riram-se do episódio com o colete, por exemplo, mas ele é mais inteligente do que pensam. Nós já usamos coletes há 13 anos, diariamente. E de repente, acontece-lhe aquilo? A verdade é que foi notícia por isso», lembra o actual jogador do Atlético de Portugal.
«Porquê sempre eu?». Mario Balotelli mostra a sua revolta numa t-shirt, depois de ter provocado um incêndio na própria casa, com fogo-de-artifício. José Coelho acredita que não é uma questão de perseguição da imprensa. SuperMario foi sempre assim.
Em conversa, Coelho recorda o colega de quarto. «Não foi fácil. Ele achava que era o maior, já nos juvenis. Mas a verdade é que era mesmo. Só discutimos uma vez. Ele queria dormir e eu estava na net. Então decidiu ir fazer queixa ao director da residência. O director disse-lhe logo: 'Mario, tu és a última pessoa a ter moral para se queixar de alguém'»
«Fizemos logo as pazes. Aliás, fomos mantendo o contacto ao longo dos anos. Eu ficava louco quando vinha a Portugal. No regresso a Itália, chegava ao quarto e aquilo estava tudo revirado, nem via a minha cama, só faltava meter lá um elefante», recorda o português, entre gargalhadas.
Balotelli brilhava nos juvenis do Inter de Milão mas já demonstrava a apetência para o protagonismo indesejado.
«Lembro-me de uma vez em que ele tinha quatro amarelos, antes de um jogo muito importante. O Mario estava sempre a discutir com o árbitro e o treinador decidiu tirá-lo. Então, o Mario foi para o banco e continuou a mandar vir com o árbitro. Nós a jogar e só ouvíamos o técnico a tentar calá-lo. O árbitro lá lhe mostrou o amarelo».
O avançado tinha um objectivo definido: queria a Serie A. «Andava a marcar e não festejava. Quando lhe perguntaram porquê, ele nem pestanejou: 'Só vou festejar quando marcar na Serie A'. Tinha 17 anos e uma confiança a toda a prova».
«Se repararem, ele nunca foi notícia por beber ou sair à noite. Ele não faz isso. Faz coisas mais inocentes e a verdade é que nunca deixaram de falar do Balotelli. Seja porque deu 1.400 euros a um mendigo na rua ou porque tinha 20 mil euros em notas no carro», lembra Coelho.
Nos relvados, quando tem a cabeça no sítio, Mario Balotelli é um fora-de-série. «Se ele estiver num dia sim, esqueçam, nem dois o conseguem parar. Se estiver num mau dia, é deixá-lo estar. Não o irritem. Há jogos em que a bola lhe passa à frente e ele nem se mexe.»
«Nota-se que as coisas de fora o afectam lá dentro. Se tiver controlo emocional, é um dos maiores do Mundo», remata José Coelho. Alguém duvida ?
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