
Tem motivos para isso. Vejamos: formação concluída em Alvalade; regresso ao Real Massamá; mais um empréstimo, agora ao Servette; silêncio e indiferença por parte do Sporting. Muitas dúvidas, lá está, até surgir o Real Madrid no seu horizonte, na sua vida.
Numa semana tudo mudou. «Fiz dois treinos com o Real Castilla [a equipa B] e passei para o plantel principal.» Sim, isso mesmo. José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho, Pepe e Pedro Mendes. Todos lado a lado na sessão de trabalho. «Fui convocado para o jogo com o Galatasaray, nesta quarta-feira. É uma oportunidade única», desabafa o jovem internacional sub-21.
«Não estava à espera de nada disto. Tem sido fabuloso, fabuloso.» Não foi só Pedro Mendes, de resto, a ser surpreendido. Os portugueses do plantel principal não faziam a mínima ideia que havia mais um produto nacional a treinar com eles.
«Pensavam que eu era espanhol. Disseram-me hola! com sotaque castelhano e tudo. Depois é que o Pepe soube quem eu sou. Foi um colega da equipa B que lhe disse. Vieram ter comigo, perguntaram-me como tinha chegado ali e disseram-me que podia contar com a ajuda deles».
E José Mourinho? O melhor treinador do mundo, o homem invejado, o perfeccionista-mor. Como terá sido o primeiro impacto?
«Abordou-me logo e disse-me o que esperava de mim. Trocámos ideias, explicou-me que do Real Madrid só posso levar coisas boas e confirmei que é uma pessoa ultra-rigorosa. Quer tudo bem feito, nada pode falhar, corrige muito e está sempre super-activo».
Os primeiros dias não foram fáceis. Pedro Mendes chegou sem ritmo, enferrujado e cedeu ao esforço. «Cheguei um pouco perdido e tive de abandonar mais cedo os treinos da equipa B.» A chamada ao plantel principal devolveu-lhe as forças, esmagou-lhe a fraqueza e conferiu-lhe super-poderes. É assim o caldeirão da poção mágica de Mourinho.
«Ultrapassei as minhas limitações e tenho treinado muito bem. Sempre que houver oportunidade de trabalhar com a equipa principal vou dar tudo e aproveitar. Neste clube a camisola pesa até nos treinos, seja em que grupo de trabalho for.»
A primeira mensagem de Alberto Toril, treinador do Real Castilla, foi elucidativa. «Estar no Real Madrid é só para privilegiados. Temos a obrigação de responder ainda melhor. Encaixei bem essas palavras».
Pedro Mendes nasceu na Suíça [Neuchatel], foi ainda bebé para Espanha [Huelva] e chegou a Portugal com quase sete anos. «Comecei logo a jogar futebol. Só era permitido com oito, mas os meus pais deram autorização e pude entrar mais cedo para o Real Massamá.»
A influência do progenitor atirou-o para avançado. Sem sucesso. «As bolas não chegavam e fartei-me. Vim atrás fazer dois ou três cortes, o treinador gostou e pôs-me a defesa central. Fiquei até hoje.»
Cinco anos no Real Massamá, seis no Sporting e um no Servette antes de mais um Real. Várias internacionalizões jovens até aos sub-21 e uma pergunta: que tipo de jogador é Pedro Mendes? «Sou extremamente agressivo, bom no jogo aéreo, forte nos carrinhos e no passe longo. Se calhar não sou muito vistoso. Sinto-me um jogador de combate. Mais como o Pepe, menos como o Ricardo Carvalho».
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