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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pedro Mendes no Real Madrid

Da incerteza à perfeição. Dos dias arrastados pela dúvida, ao amanhecer de olhos vidrados pelo entusiasmo. Pedro Mendes está no Real Madrid, emprestado até final da época pelo Sporting. Os merengues têm opção de compra. «Estou completamente fascinado», diz o defesa central de 20 anos.

Tem motivos para isso. Vejamos: formação concluída em Alvalade; regresso ao Real Massamá; mais um empréstimo, agora ao Servette; silêncio e indiferença por parte do Sporting. Muitas dúvidas, lá está, até surgir o Real Madrid no seu horizonte, na sua vida.

Numa semana tudo mudou. «Fiz dois treinos com o Real Castilla [a equipa B] e passei para o plantel principal.» Sim, isso mesmo. José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho, Pepe e Pedro Mendes. Todos lado a lado na sessão de trabalho. «Fui convocado para o jogo com o Galatasaray, nesta quarta-feira. É uma oportunidade única», desabafa o jovem internacional sub-21.

«Não estava à espera de nada disto. Tem sido fabuloso, fabuloso.» Não foi só Pedro Mendes, de resto, a ser surpreendido. Os portugueses do plantel principal não faziam a mínima ideia que havia mais um produto nacional a treinar com eles.

«Pensavam que eu era espanhol. Disseram-me hola! com sotaque castelhano e tudo. Depois é que o Pepe soube quem eu sou. Foi um colega da equipa B que lhe disse. Vieram ter comigo, perguntaram-me como tinha chegado ali e disseram-me que podia contar com a ajuda deles».

E José Mourinho? O melhor treinador do mundo, o homem invejado, o perfeccionista-mor. Como terá sido o primeiro impacto?

«Abordou-me logo e disse-me o que esperava de mim. Trocámos ideias, explicou-me que do Real Madrid só posso levar coisas boas e confirmei que é uma pessoa ultra-rigorosa. Quer tudo bem feito, nada pode falhar, corrige muito e está sempre super-activo».

Os primeiros dias não foram fáceis. Pedro Mendes chegou sem ritmo, enferrujado e cedeu ao esforço. «Cheguei um pouco perdido e tive de abandonar mais cedo os treinos da equipa B.» A chamada ao plantel principal devolveu-lhe as forças, esmagou-lhe a fraqueza e conferiu-lhe super-poderes. É assim o caldeirão da poção mágica de Mourinho.

«Ultrapassei as minhas limitações e tenho treinado muito bem. Sempre que houver oportunidade de trabalhar com a equipa principal vou dar tudo e aproveitar. Neste clube a camisola pesa até nos treinos, seja em que grupo de trabalho for.»

A primeira mensagem de Alberto Toril, treinador do Real Castilla, foi elucidativa. «Estar no Real Madrid é só para privilegiados. Temos a obrigação de responder ainda melhor. Encaixei bem essas palavras».

Pedro Mendes nasceu na Suíça [Neuchatel], foi ainda bebé para Espanha [Huelva] e chegou a Portugal com quase sete anos. «Comecei logo a jogar futebol. Só era permitido com oito, mas os meus pais deram autorização e pude entrar mais cedo para o Real Massamá.»

A influência do progenitor atirou-o para avançado. Sem sucesso. «As bolas não chegavam e fartei-me. Vim atrás fazer dois ou três cortes, o treinador gostou e pôs-me a defesa central. Fiquei até hoje.»

Cinco anos no Real Massamá, seis no Sporting e um no Servette antes de mais um Real. Várias internacionalizões jovens até aos sub-21 e uma pergunta: que tipo de jogador é Pedro Mendes? «Sou extremamente agressivo, bom no jogo aéreo, forte nos carrinhos e no passe longo. Se calhar não sou muito vistoso. Sinto-me um jogador de combate. Mais como o Pepe, menos como o Ricardo Carvalho».

Veja o Video:

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