Quem olha para Diego Rubio surpreende-se com a facilidade com que marca. Desde o início da pré-época, o chileno de dezoito anos já fez oito golos. Mais do que isso: em apenas onze jogos no Colo-Colo, marcou também oito golos. Quem olha para ele, surpreende-se: quem o conhece, nem tanto.
Descendente de uma família de jogadores, Diego Rubio traz o futebol no sangue: o pai foi jogador, os dois irmãos são jogadores e o avô também o foi. «Fui guarda-redes do Rangers, aqui no Chile. Não cheguei a um clube grande, mas também porque foi uma escolha minha», diz Ildefonso Rubio.
o avô de Diego Rubio suspira quando fala do neto. ««Nasceu com o futebol nas veias», conta. «Tem um carisma, uma maturidade e uma sinceridade que não se vê mais.» Ildefonso sente que o avançado do Sporting está a cumprir o destino dele.
«Gostava de ter jogado num grande, mas não pude. Tive de fazer uma escolha: o futebol ou a família. Escolhi a família. Mas o destino às vezes cumpre-se na nossa família. O meu filho jogou num grande e foi à selecção, o meu neto Diego já fez isso tudo e pode até superar o pai».
A família Rubio vive para o futebol, de resto. Ildefonso iniciou a dinastia, na baliza, o filho Hugo Rubio, pai de Diego, afirmou-se como um dos melhores avançados chilenos da década de 90. Os três filhos são também profissionais: Eduardo no Serena, Matias no Rangers e Diego no Sporting.
Levanta-se uma dúvida: como é que um guarda-redes inicia uma dinastia de avançados? «O meu avô fartou-se tanto de sofrer golos que nos obrigou a ser avançados» brinca Eduardo, irmão mais velho de Diego. «O futebol sempre esteve na nossa vida. Tínhamos de seguir este caminho».
Eduardo elogia o irmão. «O Diego quase desde bebé que é goleador», conta. «A bola andava sempre connosco, víamos o nosso pai jogar, íamos com ele para os treinos. Jogávamos a toda a hora, com o nosso pai, com o nosso avô, com os nossos amigos.»
De Diego destaca uma qualidade. «Sempre foi irrequieto. Era uma criança atrevida, mas amável e amorosa ao mesmo tempo. Mas muito maduro. Com a bola nos pés, sempre esteve perto do golo. Ia ver o meu pai jogar, ficou fanático pelo Colo-Colo e sempre disse que queria fazer igual».
A paixão pelo Colo-Colo chegou a fazer-lhe mal, aliás. «Ele era doente. Foi jogar para o Universidade Católica pela mesma razão por que foram os irmãos, porque era perto de casa. Mas sempre fez tudo para sair. Aos 14 anos decidiu que ia para o Colo-Colo e esteve um ano sem jogar», diz o avô.
«O Universidade Católica fez tudo para ele não ir, não lhe deu o certificado e ele ficou mais de um ano sem jogar. Era uma criança e esteve um ano sem jogar. Mas não desistiu. Depois as coisas acabaram por se compor e deixaram-no ir, assegurando a percentagem numa futura transferência.»
Eduardo diz que Diego tinha de ser jogador. «Desde sempre joga futebol nas reuniões familiares, com o meu pai e meu avô: um contra um, quem perde sai.» O avô adianta que não ensinou os netos a marcar golos, mas deixou-lhes um conselho. «Sempre lhes disse que os golos não se fazem, procuram-se».
Esta história conta com outro nome: Vicente Cantatore. O antigo treinador do Sporting foi uma pessoa fundamental na dinastia de futebolistas Rubio. «Foi colega no Rangers e um grande amigo. Ajudou-me muito a fazer do meu filho o grande jogador que ele foi», conta Ildefonso.
«Foi meu colega no Rangers. Quando passou a treinador, falei-lhe do Hugo: ele ajudou-o, treinou-o, levou-o para o Corbeloa e para a selecção, de onde ele nunca mais saiu.» Provavelmente se não fosse Cantatore, Diego Rubio não seria hoje o que é: um goleador com o futebol nas veias.
Veja o Video:
Sem comentários:
Enviar um comentário