Talvez os adeptos mais velhos se lembrem de Glenn Hysen, defesa sueco que jogou pelo Gotemburgo, PSV Eindhoven, Fiorentina e foi figura no Liverpool. Outros ainda podem lembrar-se da história de Justin Fashanu. Aqui, porém, conta-se a de Anton Hysen. E que tem este futebolista de 20 anos a ver com os anteriores nomes? Bom, pelo apelido, é fácil adivinhar que é filho de Glenn. O que tem em comum com Fashanu? Também saiu do armário e assumiu que é gay. Será caso único?
Em Portugal, também já houve rumores de futebolistas homossexuais. Mais do que um, até. Mas ninguém, até à data, assumiu a preferência por pessoas do mesmo sexo. Anton Hysen fê-lo. Na história do futebol, é apenas o segundo jogador a fazê-lo publicamente. Aconteceu na mais recente edição da revista Offside.
O «The Guardian» foi mais longe e conheceu Hysen, cuja história começa em 2007, na Parada Gay de Estocolmo. O pai é uma figura conhecida, por isso causou espanto quando participou no desfile. Glenn Hysen falou de «um jovem de 16 anos que não quer sair do armário, porque tem medo do que os colegas possam pensar» sobre ele. Glenn falava do filho mais novo, irmão de outros dois futebolistas. Na altura, ninguém percebeu de quem se tratava, no entanto. «Estou a fazer isto por ele», disse Glenn.
«Eu sempre soube, mas nunca pensei sobre o assunto, quando era mais novo», disse Anton Hysen ao «Guardian». «Vivemos em casa, damo-nos com raparigas, mas pensa-se mais nisso quando queremos ter uma relação séria», continuou este esquerdino, que actua no Utsiktens.
O clube milita no quarto escalão sueco, mas o nome da família e o facto de ter vindo a público colocaram os holofotes em Anton. Obviamente, não se livra de ouvir «bocas», mas, ao contrário do que aconteceu com Fashanu, que mais tarde se suicidou, Anton Hysen tem o apoio de toda a família, inclusive do irmão Tobyas, que é internacional sueco, e dos colegas de equipa.
«O que importa uma piada gay? Eu também as faço, sou o primeiro a rir de mim próprio», conta Anton Hysen. A reportagem do jornal inglês entra no balneário, onde o colega Sonny Karlsson atira: «Somos uma equipa internacional. Temos colegas bósnios, alemães e albaneses. E ainda temos um homossexual, já viram?»
Na partida com o Assyriska, Tidstrand vê um segundo cartão amarelo e é expulso. Os adeptos rivais não hesitam: «Tens a certeza que és apenas amigo de Hysen?» Tidstrand admite que «isto é a primeira vez que acontece».
Hysen está mais habituado. «Ouvi tanta coisa, como maricas de merda e coisas do género. Mas depois, ri-me. É apenas conversa, são apenas berros. A minha atitude é: "Eu tenho a bola e vocês não. Eu estou no relvado e vocês não. E se vocês não gostam, pouco me importa".»
Nascido numa família de futebolistas, entre eles internacionais pela Suécia, Anton não tem dúvidas de que vir a público explicar a preferência sexual foi positivo. «Quem tiver medo de sair do armário devia falar comigo», disse, sem preconceitos, no meio de um mundo futebolístico tido ainda como homofóbico.
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