«Nunca na história do futebol feminino uma equipa chegou ao ponto mais alto num campeonato com equipas masculinas. É um grande orgulho e satisfação», reconhece o técnico David Fernández, de apenas 20 anos.
No Grupo 10 de Futebol de 7, na categoria Avelín, não há como elas. A outra equipa feminina é precisamente a formação B do Atlético de Madrid, colocada no 12º lugar entre 13 equipas. A equipa A lidera com 25 pontos em 9 jogos, 32 golos marcados, 6 golos sofridos e muitas piadas pelo meio.
As capitãs de equipa, Raquel Poza, Laura Bravo e Sandra Calvo relatam a sua experiência no terreno de jogo, frente a elementos do sexo oposto: «Em alguns jogos, chamam-nos de barbies e outro tipo de insultos, mas fazemos como se não ouvíssemos nada. É a primeira vez que estamos na frente da classificação e esperamos ficar muito tempo nessa posição.»
O jovem técnico da equipa, David Fernández, acrescenta pormenores. «Reparei que, sempre que uma equipa feminina vence uma masculina, os rapazes choram por terem perdido com raparigas, sentem-se impotentes. Digo sempre às minhas jogadoras para irem cumprimentar os adversárias, mas estes muitas vezes recusam fazer-lo», lamenta.
«O que mais prejudica o futebol feminino é a sociedade. Eu não vejo diferenças nas camadas jovens entre uma rapariga e um rapaz. Muitas raparigas jogam melhor que os rapazes e em alguns casos demonstram mais força e garra para vencer as partidas», remata David Fernández.
«É de louvar liderar numa Liga masculina»
Edite Fernandes é a nossa representante feminina no Atlético de Madrid, a par de outra internacional portuguesa, Sofia Vieira.
A jogadora de 29 anos tem acompanhado o sucesso das jovens do clube espanhol. «Já tinha conhecimento e por vezes vejo-as. Aliás, no início da época falou-se na possibilidade de eu treinar uma dessas equipas, mas depois não foi possível»
«É de louvar uma equipa feminina que lidera uma Liga masculina. Sobretudo no mundo do futebol, que é tradicionalmente de homens. Sendo crianças, imagino que ainda custe mais a esses rapazes lidar com as derrotas», brinca Edite Fernandes.
O At. Madrid é uma referência no futebol feminino, em Espanha: «É um dos clubes mais importantes e tem equipas femininas em todos os escalões, desde os 6 anos até aos seniores, onde jogo eu e a Sofia.»
«O futebol feminino em Espanha não é nada comparado com Portugal. Ainda assim, há melhor na Europa, sobretudo nos países nórdicos. Eu sou profissional no At. Madrid, mas não me esqueço o tempo em que estive na China. Lá, treina-se duas vezes por dia, o campeonato é tremendo e os salários também», conclui Edite Fernandes.
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